A Plena Energia Solar publicou um post recentemente sobre o grande avanço da energia solar no Nordeste, fato este que tem gerado muitos empregos e muita renda para os estados daquela região.
Mas porque lá no Nordeste e não no Norte? Porque não no Sul, no Centro-Oeste ou no Sudeste do Brasil? A resposta existe mas não é tão simples. Pra aqueles que tem interesse e curiosidade, vamos tentar explicar da forma mais clara e simples possível.
Tudo começa numa questão geográfica, da posição de nosso planeta em relação ao sol e como cada região do nosso país é afetada por este fato, em termos de radiância solar. Radiância solar é uma medida que estabelece quanta energia (Kwh) a luz do sol pode gerar por metro quadrado. E aqui devemos fazer um destaque importante: é a luz do sol e não o calor, que gera energia. Na verdade, o calor afeta negativamente a produção de energia nos painéis solares.
Pois bem, a radiância solar é maior quanto melhor for a perpendicularidade com que os raios de luz do sol batem nos painéis. A radiância solar é medida em kwh que é gerado por metro quadrado em determinado ponto de uma região qualquer do planeta. O ideal é a luz direta, num ângulo de 90 graus em relação à superfície do painel. Trazendo este conceito para a superfície de nosso país, quanto mais próximo da linha do Equador, mais perpendicular é a incidência da luz na superfície da terra (ou do painel solar). Quanto mais ao sul, menos perpendicular. É o que chamamos de incidência indireta de luz. Por isso que a posição ideal do painel é sempre voltada para o norte e com inclinação igual a latitude, assim conseguimos o máximo de aproximação da posição ideal de geração.
A inclinação também é importante para a limpeza do painel. Na medida em que a água da chuva escorre com facilidade, isso ajuda a manter o painel limpo. Quanto menor o ângulo de inclinação, mais difícil é a limpeza natural dele, além de contribuir para menor exposição à luz direta do sol.
Assim, segundo o mapa solarimétrico de nosso país, os índices de radiância solar por região são os seguintes – medidos em kwh por metro quadrado:
· Região Sul 4,20 Kwh/m²
· Região Sudeste 4,55Kwh/m²
· Região Norte 4,55Kwh/m²
· Região Centro-Oeste 5,25Kwh/m²
· Região Nordeste 5,60Kwh/m²
Vejam que isso são índices médios. Na região Sudeste, por exemplo, no litoral cai para 3,90Kwh/m², enquanto na região de São José do Rio Preto fica acima de 5 Kwh/m². Por que esta diferença? Por causa da nebulosidade constante no litoral e quase inexistente no Oeste do estado. O mesmo fenômeno afeta a geração solar na região Norte. Mas como podemos ver acima, o Nordeste tem os maiores índices.
Há regiões no Nordeste em que, usando toda a tecnologia de rastreadores disponível no mercado, os painéis acompanham o movimento do sol, chega-se a mais de 7Kwh/m².
Mas como se consegue ter resultados iguais em regiões com índices de geração tão diferentes? Com a utilização de painéis mais produtivos e aumentando o número de painéis para uma mesma quantidade de energia a ser gerada.
E como também há diferenças de tarifas nas diferentes regiões do país, o prazo de recuperação do investimento é muito parecido em todo o Brasil. Por isso a posição do telhado em relação ao Norte é importante.
É por conta destes conceitos que a região Nordeste do Brasil é mais produtiva em termos de energia solar e acaba captando quase todos os projetos de grande porte de energia solar.